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Efeitos negativos de um soft power reverso

Faz pouco mais de um ano desde a última vez que escrevi algo para esse blog. Na ocasião, apontei como insuflar ódio virou e raiva virou estratégia de alguns times, como o Valência, para tentar ter alguma chance contra o Real Madrid de Vini Jr.

Ontem, dia 2, o mesmo Real e o mesmo Vini Jr voltaram ao mesmo estádio para mais um confronto contra a mesma equipe. Um grande evento, por suposto. A menos que não seja.

Como fã do Barcelona, cresci acompanhando o campeonato espanhol, quando jogava Fifa utiliza a equipe catalã, o melhor jogador do mundo? Sempre Messi. La Liga tinha um charme muito maior que a Premier League, a liga das estrelas. Porém não mais.

Esse jogo tinha tudo para ser vendido, falado e comentado. Não foi.

A repercussão do Vinicius com punhos serrados foi maior que a do jogo em si. E isso não é apenas sobre o público geral, é da bolha do futebol.


Tão tarde, tão pouco

O Brasil é o maior mercado de La Liga na América do Sul, até que não seja.

O quão prejudicial é a indiferença das instituições espanholas em combater o preconceito sofrido pelo Vinicius? 

Em um movimento orgânico e silencioso, a La Liga perde parte do seu brilho entre os brasileiros. Hoje é impossível mencionar do Valencia sem lembrar o triste ataque racista ocorrido no Mestalla. 

Como que vende um "evento" desse? Quando no subconsciente do público alvo o que se tem é desconforto e repulsa?

Não dá para responder no "campo" aquilo que fora das quatro linhas. A resposta desportiva de Vini Jr sempre vem, mas é sempre a única. 


Dinheiro não aceita desaforo

A LaLiga tem nas mãos aquilo que talvez seja o maior softpower espanhol, nas mãos certas uma grande arma de exportação de cultura e capacidade de influenciar o comportamento e interesse, entretanto nas mãos erradas gera opinião negativa inversamente proporcional.

A Vivo, controlada pela gigante espanhola Telefónica, não pensou duas vezes. Tem no Vinicius Júnior uma de suas estrelas em campanhas publicitárias. O efeito negativo da opinião pública em relação ao anti-softpower de La Liga não pode atrapalhar seus negócios.

Em posição mais sensível, Walt Disney, dona dos canais ESPN mantém isonomia de seus jornalistas, que tercem comentários que inevitavelmente desvaloriza seu próprio produto. Como isso vai se refletir na próxima disputa por direitos de transmissão?

La Liga já foi objeto de grande cobiça no mercado brasileiro deve perder cada vez mais espaço para o reinado da Premier League.



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